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GEFERSON DE ALMEIDA GONÇALVES

Título da Dissertação: Ação do extrato de chá verde no estado oxidativo de ratos com artrite induzida por adjuvante.

Orientadora: Profa. Dra. Rosane Marina Peralta

Data da Defesa: 24/02/2015

 

RESUMO GERAL

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS–Artrite reumatóide é uma artrite poliarticular simétrica que afeta principalmente as pequenas articulações diartrodiais das mãos e dos pés. É uma doença inflamatória crônica auto-imune caracterizada por infiltração celular e proliferação da membrana sinovial, formação de panos, erosão de cartilagem e osso, o que leva à destruição progressiva das articulações, através da interação entre células infiltrantes e mediadores tais como citocinas, prostanóides e enzimas proteolíticas. Como a artrite reumatóide é uma doença multissistêmica, afeta, além das juntas, também outros órgãos tais como o fígado, pulmão e tecido vascular. O fígado de ratos com artrite induzida por adjuvante, por exemplo, apresenta aumento das taxas de consumo de oxigênio, inibição da gliconeogênese e estimulação da glicólise, alterações no ciclo da uréia e modificações na homeostase do cálcio. As alterações metabólicas observadas no fígado são acompanhadas por modificações substanciais no estado oxidativo, como, por exemplo, os níveis mais elevados de espécies reativas de oxigênio (ROS), grupos carbonila de proteínas e substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) em diversas frações subcelulares (citosol, mitocôndrias e peroxissomos). Tem sido demonstrado que o chá verde tem vários efeitos benéficos para saúde, atribuídos ao seu conteúdo de polifenóis, principalmente catequinas e derivados de catequina. A noção que predomina é a de que a atividade antioxidante das catequinas é capaz de impedir a citotoxicidade induzida por estresseoxidativo em diferentes tecidos. A ação de eliminação de radicais livres das catequinas, bem como a sua capacidade de quelar metais de transição, tais como ferro e cobre podem impedir a formação de ROS e inibir a peroxidação lipídica. Estudos recentes também têm enfatizado uma possível ação benéfica de extratos de chá verde ou preparações enriquecidas com catequinas em estados inflamatórios ou alterações induzidas pela senescência nas habilidades antioxidantes do cérebro. Sendo assim, o objetivo do estudo foi avaliar os possíveis efeitos da administração de um extrato de chá verde no estado oxidativo de ratos com artrite induzida por adjuvante.
MÉTODOS– O extrato de chá verde (Camelliasinensisvar.assamica) foi preparado através da infusão de folhas secas a 80°C durante 8 minutos, sob agitação constante. O extrato foi, em seguida, filtrado através de papel filtro usando bomba a vácuo. Os filtrados foram liofilizados e armazenados em congelador até a sua utilização. O conteúdo de catequinas foi avaliado por cromatografia líquida de alta eficiência HPLC. Ratos Holtzman machos foram alimentados ad libitum com uma dieta padrão de laboratório e mantidos em um ciclo claro-escuro regulamentado. Para a indução da artrite adjuvante, animais pesando 180-210g foram injetados na pata traseira esquerda com 0,1ml de adjuvante completo de Freund (Mycobacterium tuberculosis inativado pelo calor, derivado da cepa H37Rv humano), suspenso em óleo mineral a uma concentração de 0,5% (w/v). Os ratos com pesos semelhantes foram injetados com óleo mineral e serviram como controles. Todos os experimentos de indução da artrite adjuvante foram feitos de acordo com as diretrizes éticas mundialmente aceitas na experimentação animal e previamente aprovadas pelo Comitê de Ética em Experimentação Animal da Universidade Estadual de Maringá (Protocolo nº 067/2014-CEUA-UEM). Os animais foram divididos em 4 grupos (6

ratos cada) :(1) Grupo I foram animais saudáveis (controles); (2) Grupo II foram animais saudáveis tratados com extrato de chá verde (controles tratados); (3) O grupo III foram os ratos artríticos; (4) grupo IV compreendia os ratos artríticos tratados com o extrato de chá verde (artrítico tratado). O tratamento dos ratos artríticos consistiu na administração do extrato de chá verde, durante 5 dias antes da indução da artrite e durante mais 18 dias após o início da indução. A dose diária de extrato foi 250mg por kg. Após 18 horas de jejum, os ratos foram decapitados, o cérebro e o fígado foram imediatamente removidos, clampeados e armazenados em nitrogênio líquido. Coletou-se sangue por punção da veia cava inferior, após laparotomia e transferiu-se para tubos contendo anticoagulante. As amostras foram centrifugadas a 1000g durante 10 minutos para separar a fração de plasma. Os homogenatos de cérebro e fígado e o plasma foram utilizados em ensaios de parâmetros de dano oxidativo, peroxidação lipídica como ensaio TBARS (substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico), conteúdo de grupos carbonilas de proteínas, e espécies reativas de oxigênio. Albumina plasmática e proteínas totais foram analisadas pela técnica de espectrofotometria utilizando kits comerciais. Os seguintes parâmetros oxidativos também foram medidos nos homogenatos: glutationa reduzida (GSH), glutationa oxidada (GSSG), conteúdo de nitrito mais nitrato, enzimas catalase (CAT), glutationaredutase (GR), superóxido dismutase (SOD), glutationa-peroxidase (GPx), glicose 6-fosfato desidrogenase.
RESULTADOS E DISCUSSÃO –Epigalocatequinagalato(EGCG) foi a catequina mais abundante, representando aproximadamente 50% do conteúdo total de catequinas do chá verde. O tratamento de ratos saudáveis com o extrato de chá verde não produziu qualquer alteração nos parâmetros que foram medidos no fígado, cérebro e plasma. A artrite aumentou as proteínas carboniladas, ROS, TBARS e nitrato mais nitrito no fígado e no cérebro. As defesas antioxidantes, que são diminuídas pela artrite, foram melhoradas mediante o tratamento de chá verde, tal como revelado pela restauração dos níveis de GSH e tiol das proteínas e pela forte tendência de normalizar as atividades das enzimas antioxidantes. O tratamento com o chá verde também tendeu a normalizar os níveis de albumina plasmática. A artrite também causou uma redução nos níveis plasmáticos de catalase, glutationa-redutase, glutationa-peroxidase, superóxido-dismutase e glicose 6-fosfato desidrogenase. Todos estes parâmetros foram, pelo menos parcialmente, normalizados pelo tratamento com o chá verde.A importância do chá verde como um alimento funcional dificilmente poderá ser mais enfatizado como está sendo continuamente confirmada por vários estudos com várias espécies e sistemas experimentais. O presente estudo acrescenta mais evidências para os efeitos benéficos para a saúde do chá verde, neste caso, como uma formulação capaz de atenuar o stress oxidativo acentuado causado pela artrite. A administração do extrato de chá verde provou ser eficaz em melhorar o estado oxidativo em dois tecidos, cérebro e fígado, e também foi ativo em quatro parâmetros sanguíneos. Uma vez que essa ação requer a participação de compostos antioxidantes, o extrato utilizado no presente estudo foi caracterizado em termos de seu conteúdo em catequinas e compostos fenólicos totais, que se acredita serem os agentes antioxidantes mais importantes do chá verde.

CONCLUSÕES –Pode dizer-se que o consumo de chá verde é possivelmente benéfico para pacientes que sofrem de artrite reumatóide, pois atenua o estresse oxidativo pronunciado que acompanha a doença e, assim, diminui a lesão de lipídios e proteínas.Ao fazê-lo, deverá contribuir para diminuir a malignidade e morbidade da doença artrite.
PALAVRAS-CHAVES:antioxidantes, catequinas, chá verde, artrite, estado redox.

 Artigos Publicados Vinculados a Dissertação:

https://doi.org/10.1039/C5FO00548E